quinta-feira, 6 de novembro de 2008

COMEMORAÇÃO DE TODOS OS FIÉIS FALECIDOS



A comemoração dos fiéis falecidos, a 2 de novembro, teve origem no mosteiro beneditino de Cluny (França). O papa Bento XV, no tempo da primeira guerra mundial, concedeu a todos os sacerdotes a faculdade de celebrar “três Missas” neste dia.
“Nos ritos fúnebres para seus filhos, celebra a Igreja com fé o Mistério pascal, na firme esperança de que os que se tornaram, pelo batismo, membros de Cristo morto e ressuscitado, passam com Ele através da morte à vida. É necessário, porém, que sua alma seja purificada, antes de ser recebida no céu com os santos e os eleitos, enquanto o corpo espera a bem aventurada esperança da vinda de Cristo e a ressurreição dos mortos”.
Em nossa vida nunca temos o suficiente; vivemos voltados para um continuo “amanhã”, do qual esperamos sempre “mais”: mais amor, mais felicidade, mais bem-estar. Vivemos impelidos pela esperança. Mas no fundo dessa nossa dinâmica de vida e esperança se oculta, sempre a espreita, o pensamento da morte; um pensamento ao qual não nos habituamos e que quereríamos expulsar. No entanto, a morte é a companheira de toda nossa existência; despedidas e doenças, dores e desilusões são dela sinais a nos advertir.


A morte, um mistério

A morte permanece para o homem um mistério profundo. Mistério cercado de respeito também pelos que não crêem.
Ser cristão muda alguma coisa no modo de considerar e enfrentar a morte? Qual a atitude do cristão diante da pergunta sobre o sentido último da existência humana, que a morte nos põe continuamente? A resposta se encontra na profundeza da nossa fé. Para o cristão, a morte não é o resultado de uma luta trágica que se deva afrontar com frieza e cinismo. A morte do cristão segue as pegadas da morte de Cristo: um cálice amargo, porque fruto do pecado, a beber até o fim, porque é a vontade do Pai, que nos espera de braços abertos do outro lado do limiar; morte não morte: vida, glória, ressurreição. Como se dará precisamente tudo isso não podemos saber; não cabe ao homem medir a imensidade do dom e da promessa de Deus. A despedida dos fiéis é acompanhada da celebração eucarística, memória da morte de Jesus na cruz e penhor da sua ressurreição. “Nele refulge para nós a esperança da feliz ressurreição. E aos que a certeza da morte entristece, a promessa da imortalidade consola. Ó Pai, para os que crêem em vós, a vida não é tirada, mas transformada, e desfeito o nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível” (Prefácio dos fiéis defuntos I).


Face a face com Cristo

A morte do cristão não é um momento no fim de seu caminho terreno, um pouco isolado do resto da vida. A vida terrena é preparação para a do céu, nela estamos como criancinhas no seio materno: nossa vida na terra é um período de formação, de luta, de primeiras opções. Ao morrer o homem se encontrará diante de tudo o que constitui o objeto de suas aspirações mais profundas: encontrar-se-á diante de Cristo e será a opção definitiva, construída por todas as opções parciais desta terra.
Cristo espera eternamente com os braços abertos; o homem que optou contra Cristo, será queimado eternamente por aquele mesmo amor que o repeliu. O homem que se decide por Cristo encontrará no mesmo amor a plena e infinita alegria.



“Dai-lhes, Senhor, o repouso eterno”

Podemos fazer alguma coisa pelos mortos? Eles estão longe de nós; pertencem todos - os mortos no abraço de Deus - à comunidade dos homens é à comunidade da Igreja.
A oração pelos defuntos é uma tradição da Igreja. De fato, subsiste no homem, também quando morre em estado de graça, muita imperfeição, muita coisa a ser mudada, purificada do antigo egoísmo! Tudo isto acontece na morte. Morrer significa morrer também ao mal. É o batismo de morte com Cristo, no qual encontra acabamento no batismo de água. Esta morte, vista pelo outro lado - assim crê a Igreja - pode ser uma purificação, a definitiva e total volta à luz de Deus. Quanto tempo durará? Isto está fora do nosso tempo. Não podemos determinar tempo nem lugar. Mas, partindo do nosso ponto de vista humano, há um tempo durante o qual consideramos alguém como “morto” e o ajudamos com nossa oração. De quantos meses ou anos se trata, ninguém pode dizê-lo.
Rezar pelos falecidos é um santo e piedoso costume e uma prova de amor, pois o amor é eterno.




Fonte: Missal cotidiano.

Província Brasileira Central